A Quixote+Do Editoras Associadas lança o novo romance de Lino Albergaria, “O Homem Delicado”. Este é o quinto romance do autor mineiro, que coleciona dezenas de reedições de suas obras e alguns prêmios, que assinalam seu reconhecimento na literatura. Há mais de 30 anos, Lino de Albergaria vem publicando livros para o público juvenil, segmento por onde se iniciou como autor. Vem também, sobretudo nos últimos anos, escrevendo romances.
Como a personagem Isabel bem denomina, “O homem delicado” é uma “narrativa volátil”, além de constituída em pares. Com essa natureza, fica o convite ao leitor para recriá-la, compondo com o narrador Lauro outros pares, novos relatos, afirma o professor de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luiz Gonzaga Morando Queiroz.
“A ideia me veio a partir de relato de experiências de pessoas que estiveram próximas da morte e afirmam ter passado por uma experiência em que voltaram à sua consciência cenas importantes de seu passado”, conta Albergaria sobre o enredo do livro. “Criei um personagem que decide antecipar esse momento, escrevendo num tom autobiográfico, sempre a partir de imagens, as cenas que sua memória ainda retém”, explica o autor.
Albergaria conta que para compor o romance, parte da ideia geral. “Escrevo sem me policiar e deixo a narrativa se construir quase que por si mesma. Mas, depois, vou revisando, consertando, reescrevendo. Essa é a parte mais demorada da escrita”, diz ele.
Em “O homem delicado”, os capítulos, em ordem aleatória, vão compondo, nas palavras da escritora Ana Cecília Carvalho, um mosaico de imagens que se concatenam num encaixe semelhante à montagem de um quebra-cabeças. Lauro, o narrador, tem um irmão gêmeo (Bruno), não idêntico, do qual vai se distanciando na construção de sua identidade. Sente-se sutilmente influenciado pelo pai, Francisco, mas é a filha, Isabel, que o confronta, representando as mudanças do mundo, a chegada de outra época.
“Ela, Isabel, sente que não pode ter a delicadeza que o pai expressa, moldada pelas ideias e acontecimentos de sua geração, marcada pela paz, a empatia, a comiseração, presentes nos livros, na música, nos pensamentos filosóficos e numa influência mística que o atraem. Os valores da delicadeza se dissipam no mundo atual”, adianta o escritor sobre a história de “O Homem Delicado”.
A trajetória do autor
“Desde cedo, fui fascinado pela leitura. Estudei Letras pelo interesse pela literatura. Fiz pós-graduação em Editoração, em Paris, para participar, de dentro, do mundo dos livros. Lá, por acaso, fazendo estágios, descobri a literatura para crianças”, conta o mineiro Albergaria.
Ele aplicou o que aprendeu em cerca de 15 anos de trabalho como editor, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, sua cidade natal. Deixou a editoração, mas continua escrevendo. São quase 35 anos desde a sua primeira publicação. Contabiliza mais de 80 títulos para o público jovem – este ano o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) Literatura comprou para distribuir em escolas e bibliotecas públicas cerca de 130 mil exemplares do seu livro “Bem-vindos à Casa da Neblina”.
A trajetória de Lino de Albergaria é notável. Algumas de suas histórias foram publicadas na Bélgica, no México e nos Estados Unidos. Também traduziu livros franceses para crianças e adaptou clássicos para jovens (Dante, Camões, Cervantes, Mark Twain).
Lino escreveu cinco romances para o leitor adulto. “O homem delicado” é o mais recente. Albergaria já lançou “”Em nome do filho” (finalista da Bienal Nestlé), “A estação das chuvas” (finalista do Prêmio Jabuti e premiado pelo Estado do Paraná), “Um bailarino holandês” e “Os 31 dias”.
“Para o ano que vem, tenho participação em uma antologia de contos homenageando o centenário de Clarice Lispector”, adianta o autor.