No dia 23 de agosto, a Livraria Quixote lançará a reedição de Elixir do pajé e outros poemas de humor, Sátira e escatologia com estudo crítico de Duda Machado e a obra com a correspondência da filha de Bernardo Guimarães: Cartas Constança Guimarães (1871-1888), orgnizado por Eliane Marta Teixeira Lopes
Globalmente conhecido pelo romance Escrava Isaura, Bernardo Guimarães também foi um grande poeta do século XIX, influenciado por figuras do romantismo como Lord Byron. Nesta antologia organizada e prefaciada por Duda Machado, podemos conhecer poemas satíricos, até mesmo eróticos, conforme é avisado no prefàcio da edição de 1875: “não são dedicados às moças e aos meninos. Eles podem ser lidos e apreciados por pessoas sérias, que os encarem pelo lado poético e cômico, sem ofensa da moralidade e nem tão pouco das consciências pudicas e delicadas”.
Contrariando a imagem recorrente de que poetas vivem de tristeza e desconhecem o humor, que é reforçada em nossos anos escolares, quando Gregório de Matos, e quase sempre apenas Gregório de Matos, é apresentado como o poeta do maldizer, à margem do restante da produção poética, os poemas de Bernardo Guimarães abusam do humor, das palavras de baixo calão (palavrões mesmo), das imagens eróticas, que se sentiriam perfeitamente adequadas às portas dos banheiros de um estádio de futebol. E tudo é poesia: se ali brinca-se com a métrica de um poema de Gonçalves Dias, acolá com As metamorfoses de Ovídio, aquele livro que quase é sinônimo de clássico. Os poemas são divertidos, e podem assim ser. A poesia não precisa de recatos, moralidades e falsas modéstias.
Publicada originalmente pela Hedra, essa nova edição, pelo Grupo Editorial Quixote, traz um novo design, mas mantém a seleção original de poemas, e, mais importante, um detalhado estudo feito por Duda Machado, que prepara o leitor não para o choque, mas para a estupefação diante da arte que sabe fazer rir.
A edição será relançada no dia 23 de agosto, na Livraria Quixote, para marcar os 200 anos do autor. Mas, porque a poesia também carrega seus miasmas, no mesmo dia também teremos o relançamento de Cartas Constança Guimarães (1871-1888), que apresenta o resultado da pesquisa realizada por Eliane Marta Teixeira Lopes, que localizou as cartas que a filha de Bernardo, Constança Guimarães, escreve para as primas entre 1887 e 1888, ano em que faleceu de tuberculose. Eliane Marta Teixeira Lopes acrescenta um ensaio analisando a romantização da tuberculose e o seu impacto entre as mulheres, principalmente.
Duas obras para serem apreciadas por pessoas sérias.
Após o lançamento, ambos os livros poderão ser encontrados no site da editora (https://quixote-do.com.br/), na Amazon e nas principais livrarias.
SERVIÇO
Lançamento: Elixir do pajé e outros poemas de humor, sátira e escatologia, de Bernardo Guimarães e Duda Machado (org.) e Cartas Constança Guimarães (1871-1888) de Constança Guimarães e Eliane Marta Teixeira Lopes (org.)
Local: Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi)
Data: 23/08/2025, sábado
Horário: 11h
Sobre os autores:
Bernardo Guimarães nasceu em 15 de agosto de 1825, em Ouro Preto, Minas Gerais. Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde conheceu poetas como Álvares de Azevedo (1831-1852) e experimentou a vida boêmia romântica. De volta a Minas Gerais, trabalhou como juiz e professor.
Constança da Silva Guimarães nasceu em Ouro Preto no dia 11 de novembro de 1871 e morreu em 29 de dezembro de 1888, também em Ouro Preto, vítima da tuberculose. Era filha do escritor Bernardo Guimarães e de Teresa Maria Gomes Lima (Guimarães), que geraram seis filhos e duas filhas, Isabel e Constança.
Sobre os organizadores:
Duda Machado nasceu em 1944, em Salvador e atualmente vive Belo Horizonte. É poeta e escritor literatura infantil, autor de História com poesia, alguns bichos & cia. (1997), Margem de uma onda (1997) e Tudo tem a sua história (2005), Adivinhação da leveza (2011). Foi organizador do livro Bernardo Guimarães – Poesia Erótica e Satírica (Imago, 1992).
No início dos anos 1970 teve canções interpretadas por Gal Costa, Elis Regina, Jards Macalé e Gilberto Gil. É professor aposentado de literatura da UFOP e tradutor de inúmeros autores, entre eles, Gustave Flaubert e Mark Twain.
Eliane Marta Teixeira Lopes
Nasci em 1946. Fui testemunha de grandes tragédias políticas e expressivas conquistas das mulheres. Devo ao povo brasileiro quase todo o percurso da minha formação e procurei retribuir como professora de história da educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Além de artigos e livros acadêmicos, escrevi Santo Antônio (Conceito Editorial, vol. 27 da coleção BH. A cidade de cada um); Richard Wagner e Tannhauser em Paris (Editora Autêntica) e, com Sylvia Vartuli, Querido Alguém (edição das autoras).