Seleção de contos sombrios será lançada na livraria Quixote em agosto
Antes de chegar ao Paraíso, Dante passou pelo Inferno, onde promoveu uma crítica à sociedade de seu tempo por meio de pequenas histórias, que alegoricamente representam pecados condenados pela moral medieval, que lembremos, era a moral do mundo ao qual Dante pertencia. Sua representação, muitas vezes exagerada, monstruosa, incomodava tanto que Nietzsche o acusava de ser uma hiena rindo em meio aos mortos. Mas Dante avisa ao leitor: abandonai toda a esperança aquele que segui-lo.
Os contos de Raphael Rocha exortam um aviso similar. São passeios que refletem atitudes condenáveis de personagens egoístas, inseguros, preconceituosos e, infelizmente para nós leitores, humanos demais. Sem um guia como Virgílio, cabe ao leitor fazer o papel de Dante e pairar seu olhar severo sobre esses personagens e — cuidado! — talvez dar de encontro consigo mesmo.
Não se deve render ao politicamente correto, atitude hipócrita, que antes de defender a sensibilidade de grupos fragilizados, protege o vale-tudo, verdadeiro Banzé no Oeste, em que os poderosos se veem no direito de usarem de qualquer ferramenta, como piadas ou a ficção, para a manutenção de seu status quo e direito de agressão. Antes de mais nada, trata-se de indagar para qual direção a crítica, em forma literária, está mirando, qual sensibilidade ela tenciona questionar, e, como sempre, é muito arriscado quando a sociedade humana se sente confortável demais.
É essa a experiência, sim, indigesta para alguns, que Canções de ninar pedras propõe. E é claro, ela vem com o aviso: abandonai toda a esperança.
A obra será lançada no dia 26 de julho, na Livraria Quixote, e poderá ser encontrada no site da editora (https://quixote-do.com.br/), na Amazon e nas principais livrarias.
SERVIÇO
Lançamento: Canções de ninar pedras, de Raphael Rocha
Local: Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi)
Data: 26/07/2025, sábado
Horário: 13h
O AUTOR
RAPHAEL ROCHA nasceu em Belo Horizonte (MG). Formado em Jornalismo, trabalhou por nove anos no Governo Federal em Brasília. Em 2019 decidiu voltar para Minas para reerguer a fazenda da família. Hoje, cuida de vacas, planta milho, eucalipto, produz mel e mais um tanto de “trem” na roça. Publicou os livros de poemas Do universo rabisco o mundo (2011) e Fuga das horas (2015). Com Canções de ninar pedras, foi finalista do Prêmio Sesc de Literatura. Participou de duas edições das antologias Bienal do B – A poesia na rua. Emprestou a voz para o audiolivro Catraca inoperante, da escritora Clara Arreguy. Lançou três álbuns de música autorais, que podem ser encontrados no YouTube e Spotify (Commodities e Stereowaves).
